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O cavalo branco que Arya Stark encontra no final do quinto episódio de Game of Thrones pode oferecer algumas chaves de leitura para os fãs da série
Tudo bem… o final de Game of Thrones não foi exatamente o que a gente esperava. Ainda que tenha sido interessante do ponto de vista visual e da entrega de respostas que ficaram abertas sem a conclusão da história nos livros, as peças da narrativa épica que nos apresentaram ainda estão desconexas.
Algo que deixou parte do público intrigado, foi a cena do surgimento de um cavalo branco em meio às ruínas de Porto Real.
Alguns acreditam que este era o mesmo cavalo que Harry Strickland, líder da companhia dourada, estava usando antes das forças inimigas serem exterminadas (junto com toda a cidade!). Outros teorizam que Bran Stark estaria ‘wargando’ o animal e chegou até aquele lugar para salvar a irmã, pois ela ainda teria um objetivo pendente.
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O simbolismo do cavalo branco
Os cavalos brancos representaram diferentes coisas na mitologia. Em algumas histórias, eles são associados a figuras heróicas, como Pégaso, o cavalo de Hércules, ou Shadowfax, o cavalo que Gandalf monta em Senhor dos Anéis.
Porém, a hipótese que mais ganhou força é a de que o cavalo pode ter um significado simbólico ligado à morte. No livro da Revelação (ou Apocalipse) na bíblia, os quatro cavaleiros do apocalipse montam cavalos de cores diferentes, e a morte cavalga em um “pale horse” (em português “cavalo pálido”). A passagem diz:
“Olhei, e diante de mim estava um cavalo pálido. Seu cavaleiro chamava-se Morte, e o Inferno o seguia de perto. Foi-lhes dado poder sobre um quarto da terra para matar pela espada, pela fome, por pragas e por meio dos animais selvagens da terra”.
(Apocalipse 6:8)
Game of Thrones apresentou os cavalos brancos como animais montados por heróis. Ned Stark montou um na primeira temporada e Khal Drogo presenteou Daenerys no começo da série: um desses heróis foi decapitado e outro foi capaz de matar milhares de pessoas inocentes. Em ambos os casos a temática da morte está presente e, neste ponto, a série surpreende subvertendo o topos da simbologia.
Assim, é possível a leitura de que no momento em que Arya montou no cavalo, ela se tornou o próprio precursor da morte, a força que iria parar a Rainha Targaryen e colocar um fim na Guerra dos Tronos.
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No entanto, esse não foi o único cavalo branco que apareceu no episódio. Mais cedo, uma jovem que Arya Stark tenta proteger é vista segurando um cavalo branco de brinquedo, depois ele e a menina aparecem carbonizados junto com a mãe.
Esses fatos podem contribuir para toda a construção do simbolismo do cavalo branco no episódio, podendo significar tanto a perda da inocência, já que ele está coberto de lama e sangue, contrastando o ideal da cor branca com o caos que tomou conta dos acontecimentos e que foi ocasionado pela Mãe de Dragões, quanto a própria encarnação da morte.
Nas Crônicas de Gelo e Fogo, livros que inspiraram a série, podemos encontrar uma outra figuração. Quaithe (que você pode se lembrar da segunda temporada de GOT) fala com a rainha na Dança dos Dragões e a adverte:
“As velas de vidro estão queimando. Logo virá a égua pálida e depois dela os outros. A lula gigante e a chama escura, o leão e o grifo, o filho do sol e o dragão do pantomineiro. Não acredite em nenhum deles. Lembre-se dos imortais. Cuidado com o senescal perfumado.”
Arya teria algo a ver com essa profecia? O cavalo branco pode ser entendido como a última esperança do povo de Westeros que foi perdida com o ataque à capital e a virada da Rainha Dragão.
Entretanto, vale destacar que os próprios showrunners já demonstraram, através de uma fala de Jon no quinto episódio da última temporada, que não gostam das profecias.