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Nostálgico, envolvente, surpreendente e apaixonante! Todo fã de Pokémon precisa ver Detetive Pikachu!
Detetive Pikachu é resultado de uma parceria muito bem realizada entre a Pikachu Company com a Legendary Pictures. A direção ficou a cargo de Rob Letterman que já trabalhou em várias animações como Monstros vs. Alienígenas e O Espanta Tubarões. O filme é inspirado em um jogo com o mesmo nome para Nintendo 3DS de 2016, que é uma aventura de mistério e apresenta o mundo Pokémon de uma outra forma, diferente daquela que os fãs da animação, que tinha o Ash Katchum como protagonista, conhecem.
O enredo gira entorno de um garoto, Tim Goodman (Justice Smith), que precisa ir até a cidade que seu pai morava, Ryme City, pois ele sofreu um acidente e todos acreditam ter morrido na catástrofe. Logo, no início somos apresentados a um personagem principal que, por algum motivo, não possui um Pokémon enquanto todas as outras pessoas tem um companheiro. Seus amigos estão se mudando da cidade, mas ele decide não sair de lá e ter um emprego como corretor de seguros.
As coisas começam a mudar quando Tim chega na cidade de seu pai. Ryme City é um lugar projetado para que humanos e pokémons possam existir lado a lado. E a ideia de trazer esses pokémons para o mundo real parece se expressar muito bem na dinâmica da ambientação, os animaizinhos são integrados ao cotidiano da metrópole. Por exemplo, o corpo de bombeiros conta com a parceria dos Squartles para combater os incêndios, a polícia conta com os Arcanines e Growlithes para ajudar nas patrulhas, em uma balada o som é amplificado por Loudreds e estão presentes em várias outras funções.
Outro ponto interessante é perceber as peculiaridades que a convivência com os pokémons pode trazer para uma cidade grande, como um snorlax dormindo no meio do trânsito, um Jigglypuff cantando em bares e fazendo os clientes dormirem e até mesmo Aipoms circulando por aí.
Tim precisa ir até o local de trabalho de seu pai para pegar as chaves da casa e recolher as coisas que lá ficaram. Chegando no apartamento, Tim encontra um Pikachu que era parceiro de seu pai em suas atividades de detetive. O garoto e o Pokémon ficam surpresos ao perceber que podem se compreender, sendo que não é normal os pokémons falarem com humanos, normalmente eles só repetem os próprios nomes e se entendem entre si. O Pikachu tem a voz de Ryan Reynolds (Deadpool) o que torna o personagem muito divertido e serve como ponte entre o telespectador e o filme.
O Pikachu está convencido de que seu companheiro, e pai de Tim, não morreu no acidente e quer investigar o ‘desaparecimento’. O garoto decide ajudar, principalmente, porque quando estava chegando no prédio onde fica o apartamento do pai, ele encontrou uma garota jornalista, Lucy Stevens (Kathryn Newton), que também está investigando a ‘morte’ do detetive e menciona que ele havia descoberto algo podre a respeito de Howard Clifford (Bill Nighy), idealizador desta cidade compartilhada. É interessante como Pokémon: Detetive Pikachu conseguiu brincar com os limites entre realidade e fantasia sem cair no temido “vale da estranheza” (‘uncanny valley’) que essa tentativa de trazer os pokémons para a realidade poderia causar. Ryme City é uma cidade grande como várias que conhecemos, se aproximando bastante de Nova Yorque, Londres ou Tóquio, mas existem elementos presentes na arquitetura do cenário que consolidam os pokémons como parte da vida cotidiana do lugar. Os letreiros e pôster estão repletos de referências ao mundo Pokémon que conhecemos dos jogos e da animação para a televisão, até referências à cidade de Kanto foram colocadas.
Voltando ao enredo, Picachu, Tim e a jornalista Lucy seguem os passos do pai do garoto para descobrir o que ele havia encontrado. Eles chegam até um centro de pesquisa no qual a Dr. Laurent (Rita Ora) trabalhava com a ajuda do detetive. Lá, eles têm acesso à vídeos das experiências que foram feitas ali com um Mewtwo que está sendo usado para produzir um soro que deixa os pokémons furiosos. Quando os agentes de Clifford percebem que eles estão dentro do laboratório, começa uma perseguição dentro do lugar. Os adolescentes acabam chegam em uma floresta de Torterras e, em meio a fuga, Pikachu acaba gravemente ferido. Num estilo “Ash Katchum” de sofrimento, Tim pede ajuda a um Bulbasauro que está por perto e o pokémon guia eles até Mewtwo que cura o parceiro do menino, mas logo depois é capturado por Howard Clifford.
Pikachu estava com o pai de Tim durante o acidente e sofreu uma perda de memória, da qual não sabe a origem. Neste encontro entre ele e o Mewtwo, o Pokémon detetive acredita ter traído o pai do garoto e decide se afastar temendo prejudicar o companheiro. Tim segue de volta para a cidade com Lucy e seu Psyduck, lá ele segue para o prédio onde Howard está e se depara com os verdadeiros planos do idealizador: Clifford descobriu uma forma de transportar a consciência humana para os pokémons e toma o corpo de Mewtwo.
Na cidade, um grande evento em homenagens aos pokémons está acontecendo e o vilão irá transportar todas as pessoas para seus pokémons. Enquanto isso, Pikachu percebe que Tim está em perigo (nesta cena, o pokémon está cantando a famosa música da abertura do desenho) e se dirige até a cidade para tentar ajudar o amigo. Em meio a confusão da transformação generalizada, Tim e Pikachu trabalham juntos para resolver o problema e acabar com os planos de Clifford, o vilão utilizava um Ditto para disfarçar seus capangas, inclusive o próprio filho.
O enredo da história não tem grandes pretensões, as várias reviravoltas são facilmente percebidas por um espectador mais atento, mas estes elementos simples servem para que a história funcione para crianças, adolescentes e adultos. O grande trunfo de Pokémon: Detetive Pikachu é o encontro entre os dois mundos e a interação do jovem com o Pikachu é o ponto chave que dita o tom do longa. Ryan Reynolds não só empresta sua voz ao pequeno felpudo, como também trás animação e carisma conseguindo um resultado muito divertido.
O longa é o primeiro live-action da franquia que tem mais de vinte anos. Para os fãs de Pokémon a espera valeu muito a pena e este primeiro contato com as novas gerações pode iniciar um novo mundo a ser explorado dentro deste universo. Apesar da dificuldade que Hollywood parece ter com adaptações baseadas em jogos e animes (vide Warcraft e Death Note), este filme é um ponto fora da curva de tudo o que já vimos até agora. O CGI foi utilizado com maestria para mostrar uma ambientação palpável e nos permite conceber uma sociedade que funcionaria daquela maneira.
Com uma trama nada ambiciosa, o desfecho é previsível, só que não deixa de ser tocante. Quando Tim e Pikachu conseguem tirar Clifford do corpo de Mewtwo e o poderoso Pokémon faz com que as coisas voltem a ser como antes, percebemos que o pai de Tim, esteve muito perto todo esse tempo.
Entretanto, é preciso dizer que o destaque deste filme são os pokémons. As personagens humanas, em diversos momentos, beiram a uma caricatura de si mesmas e não tem uma profundidade tão atraente quanto os animaizinhos e o personagem de Ryan Reynolds que rouba a cena e mantém o ritmo do filme agradável e divertido, sem deixar te tratar de temas mais densos como solidão e companheirismo.
O filme é emocionante e parece ter sido feito por pessoas que realmente tinham um carinho especial pela franquia. Os detalhes se tornam um prato cheio de nostalgia para os amantes de Pokémon e as referências tornam a experiência envolvente e apaixonante. Apesar do enredo simples, o longa é surpreendente no que se propõe: retratar de forma realista o mundo pokémon.