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Game of Thrones 8×06 entrega um final com gosto amargo, bem longe de agridoce
Game of Thrones sempre foi uma história sobre outras histórias. Uma fantasia que pretende mudar a maneira como pensamos a própria fantasia enquanto criamos uma versão própria.
Mas acabou. Por mais que ainda podemos esperar uma redenção de GoT através dos livros que ainda aguardam lançamento.
Como tantos mitos que se fragmentaram em múltiplas verdades através de relatos, sempre restam inúmeras interpretações e teorias alternativas, debates sobre o significado das coisas e histórias revisionistas que o imaginam através das lentes do que quer que as pessoas queiram ver.
Nesse sentido, Game of Thrones realmente incorporou histórias em toda a sua glória escorregadia e seu poder de refazer o passado e moldar o futuro dentro da narrativa proposta.
Algumas temporadas atrás, George R.R. Martin, em uma entrevista, contou aos fãs que o desfecho da história da Guerra dos Tronos poderia não ser tão agradável quanto nós esperaríamos, que ele seria algo agridoce.
O que vimos neste último episódio, foi um final preguiçoso e desleixado em seus desenvolvimentos. A morte de Daenerys Targaryen, que acompanhamos desde a primeira temporada, esteve bem longe de ser chocante para os fãs. Talvez o objetivo da cena pudesse ter sido alcançado se nós conseguíssemos acreditar no amor entre ela e Jon e, assim, acreditaríamos no sacrifício que estava sendo feito e no sofrimento que aquilo traria. Mas não foi o que aconteceu.
Abertura
Nesta última abertura, vimos Porto Real em ruínas, desde a entrada da cidade, onde o exército dos imaculados estava aguardando o início da batalha, até a sala do trono, que já não contém o brasão dos Lannisters.
As engrenagens também pareciam não estar funcionando bem (seria um aceno para o desejo de Daenerys em ‘quebrar a roda’?). O mapa dentro do palácio também está rachado. E um ponto curioso é que no lugar onde o mapa de Westeros estava partido é justamente onde começa o norte e, mais adiante no episódio, nós iríamos ver que o Norte, finalmente, declara sua independência.
Silêncios e tensões em Game of Thrones 8×06
O episódio final começa silencioso com Tyrion caminhando entre as ruínas de Porto Real. Jon Snow e Sor Davos o acompanham. Até que o anão decide seguir sozinho para a Fortaleza Vermelha.
Jon e seus homens encontram Verme Cinzento que está prestes a sacrificar alguns poucos sobreviventes. O imaculado afirma que as ordens da rainha são para exterminar todos que escolheram seguir Cersei Lannister em algum momento.
Tyrion precisa se certificar de que seus irmãos, Jaime e Cersei, conseguiram fugir. Então, ele desce até o lugar onde os ossos dos dragões estão e lá vê os dois mortos sob os escombros.
Os imaculados e dothraki estão em frente ao castelo, Jon caminha na direção de Daenerys que está em frente à Fortaleza, acima das escadas. Arya o observa de longe. A rainha Targaryen dá início ao seu discurso de vitória.
“Sangue do meu sangue, vocês mantiveram todas as suas promessas. Vocês mataram meus inimigos em suas roupas de ferro. Vocês derrubaram as casas de pedras deles. Vocês me deram os Sete Reinos”.
A rainha Targaryen nomeia Verme Cinzento como Mestre da Guerra. Depois se dirige aos imaculados:
“Imaculados, vocês foram arrancados de suas mães e criados como escravos. Agora, estão libertos. Vocês libertaram o povo de Porto Real de uma tirania! Mas a guerra não acabou. Não vamos abaixar as nossas lanças enquanto não libertarmos todos os povos do mundo. De Winterfell a Dorne, de Lannisporto a Qarth, das ilhas de Verão até o Mar de Jade. Mulheres, homens e crianças já sofreram tempo demais debaixo da roda. Vocês vão quebrar a roda comigo?”
O episódio se divide em três momentos diferentes.
Ato I
O primeiro deles é permeado por um clima que beira o macabro depois do massacre da capital.
Não se sabe quem irá governar e dúvidas a respeito da conduta de Daenerys se intensificam até culminar na sua morte.
Quando Tyrion abdica de sua posição de Mão da Rainha, esperamos que ele seja morto e pague por traição, mas é mantido prisioneiro tempo suficiente para convencer Jon a matar Daenerys e, ainda assim, depois de mais uma traição, sair com vida.
A morte de Daenerys Targaryen
Daenerys está na sala do trono contemplando o Trono de Ferro. O lugar está da maneira como ela o viu anos atrás em uma visão na Casa dos Imortais. Apesar das muitas profecias que foram abandonadas em Game of Thrones, os momentos finais da rainha Targaryen dão vida à uma antiga visão: ela entra nas ruínas da Fortaleza Vermelha, com a neve entrando através do teto destruído, Daenerys fica em frente ao trono. Ela estende a mão para alcançá-lo, mas um choro de criança ao longe capta sua atenção. Então, se dirige para outra sala, onde Drogo, seu esposo morto, e seu filho estavam esperando por ela. A rainha diz para ele que “Talvez eu esteja morta e só não saiba ainda”.
Momentos antes de Jon encontrá-la, Dany segue a mesma sequência de ações. Isso pode significar que há algo mais gentil esperando por ela além de sua ambição corrompida e morte trágica. Ela morre nos braços do amado, o que dá a cena uma espécie de tom trágico-épico.
A narrativa pode soar melhor como um mito recontado anos mais tarde ao redor de uma fogueira, ou uma canção cantada em um grande salão: uma rainha dragão e um bastardo que sempre foi e não foi rei. Como eles se apaixonaram e, traindo um ao outro, destruíram e salvaram o mundo.
Ato II
O segundo ato do episódio consiste nas decisões que serão tomadas depois que a rainha Mãe dos dragões é morta por Jon Snow e o Trono de Ferro é queimado por Drogon. Por conta da barba de Tyrion que já está bastante grande, entendemos que algum tempo se passou até que o conselho de Ladys e Lordes de Winterfell fosse reunido.
Nele estão presentes: Bran, Sansa e Arya Stark; Sor Brienne, Sor Davos, Podrick, Yara Greyjoy, o tal do Príncipe de Dorne, Sam, Robin Arryn e mais alguns Lordes. As tropas nortenhas estão cercando Porto Real, buscando a liberdade de Jon Snow, que é mantido prisioneiro pelos Imaculados.
Todos discutem qual será a melhor maneira de governar os reinos, Sam sugere algo próximo à democracia, mas logo perde para risadas jocosas.
Os presentes decidem eleger um novo rei e Tyrion sugere que este deve ser Bran, o quebrado, por conta da sua história e por ser guardião de toda a memória de Westeros. Sansa interrompe e diz que seu irmão não deseja ser rei e, ainda que seja, não poderá ter filhos. O anão responde que “filhos de reis podem ser cruéis e estúpidos”, deduzindo que não deverão haver herdeiros para suceder os reis e, sempre que um deles morrer, um conselho de Ladys e Lordes deverá escolher o próximo monarca.
Tyrion acredita que, por não desejar o poder, Bran será um bom governante e pergunta ao garoto se ele aceitaria guiar o reino, com base em suas experiências e habilidades como Corvo de Três Olhos, da melhor maneira possível. O Stark responde: “Por quê acha que eu cheguei até aqui?” e todos os presentes votam a favor de sua liderança.
Entretanto, Sansa afirma que, apesar de amar o irmão e acreditar que ele será um bom rei, os nortenhos lutaram e sofreram demais para se curvar mais uma vez para outro rei e, por isso, o Norte irá se manter um reino independente, assim como foi por milhares de anos. Bran consente a independência de seu reino de origem e elege Tyrion como Mão do Rei.
Quanto a Jon, entregar ele aos Imaculados causaria uma guerra e libertá-lo também causaria o conflito. O novo rei então decide que ele deverá ser mandado para a patrulha da noite (de novo!).
Snow pergunta se ainda há uma patrulha da noite, e o anão responde que o mundo ainda precisa de um lugar para os bastardos e homens renegados. Vemos que Jon sofre com a escolha que teve que fazer e diz a Tyrion que não pareceu certo e o amigo responde que está pergunta deverá ser feita em dez anos.
Ato III
O terceiro e último ato se inicia com a despedida dos Stark.
Os irmãos aguardam Jon na baía de Porto Real. Sansa diz que gostaria que tivesse sido diferente e pede desculpas ao irmão, Jon a conforta dizendo que a filha de Ned Stark irá representá-lo bem como rainha do Norte.
Arya conta que irá explorar para além de Westeros, onde os mapas terminam, e estará com a agulha, espada que Jon deu a para a irmã anos atrás. Por fim, Jon se despede de Bran e lamenta por não estar presente quando o pequeno Stark precisou dele, o Corvo responde que ele esteva onde precisava estar.
Os Imaculados vão para a Ilha de Naath. Verme Cinzento havia planejado partir para lá com Missandei quando a Grande Guerra acabasse.
A cena seguinte é a de Brienne escrevendo no Livro Branco, o livro dos cavaleiros de Westeros. A cavaleira dos Sete Reinos (agora seis) está atualizando a seção de Jaime Lannister. Ela acrescenta seus feitos gloriosos e menciona Catelyn Stark, que o libertou após ser capturado no Bosque dos Murmúrios pelas tropas de Robb Stark. Acrescenta também que ele se comprometeu a lutar com as forças humanas e se juntou a eles na Batalha de Winterfell. Depois, voltou a Porto Real para lutar ao lado de sua rainha Cersei Lannister e morreu ao lado dela.
No final, temos a reunião do conselho do rei. Sam leva para Tyrion “A Canção de Gelo de Fogo”, livro de Ebrose sobre as guerras após a morte do Rei Robert e relata que o anão não foi mencionado nos acontecimentos, o que não faz sentido, já que nesses relatos históricos a Mão do Rei é sempre mencionada e Tyrion já ocupou o cargo algumas vezes.
Bran chega e afirma que o conselho precisa de um mestre dos sussurros e precisam também encontrar Drogon. Em seguida, o rei se retira dizendo que irá encontrar o dragão. O conselho continua e descobrimos que Bronn se tornou Mestre da Moeda, Sor Davos é Mestre da Guerra e Sam é o Meistre da capital.
A cena se transfere para a muralha com a chegada de Jon a Castle Black e oscila entre os desfechos dos três Stark, Sansa, Arya e Jon. Sansa é coroada rainha do Norte (“The Queen in the North!”), Arya segue em um navio Stark para sua expedição além oeste e Jon reencontra Fantasma, os selvagens e Tormund e adentra a floresta que está além da Muralha de Gelo.