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Casamentos são mortais em Westeros. Não tem discussão.
Mesa com comidas fartas, vinho, músicas… e uma carnificina para fechar a noite. (alô, casamento vermelho?)
As comemorações do casamento de Rhaenyra e Laenor Velaryon quase nos enganam mostrando uma dinâmica diferente. Há uma série de quase agressões entre convidados, mas todas se encerram sem violência.
Contudo, nos momentos finais do episódio, a tentação de derramar sangue é forte demais.
O quinto episódio de A Casa do Dragão começa com uma cabeça esmagada e termina com outra, utilizando-se de uma forma narrativa cíclica, como se cada episódio fosse uma etapa do caminho até o grande conflito que está sendo preparado.
Daemon retorna para sua esposa no Vale
Lady Rhea Royce (Rachel Redford) foi impecável mesmo em seus poucos minutos de tela. A cena do encontro entre Rhea e Daemon nos trás muitas informações que serão relevantes para o futuro do conflito.
A princípio, Lady Rhea parece feliz com seu destino no Vale de Arryn – mais tarde, descobrimos que ela era uma excelente esportista.
Em uma manhã cinzenta, ela sai pelas passagens escarpadas do Vale para caçar veados e encontra seu marido encapuzado, sozinho em uma ravina com um olhar ameaçador no rosto. Na cena, é possível notar o desprezo que há nesta união e descobrimos também que o casamento nunca foi consumado.
Quando Rhea percebe o que seu marido está fazendo ali, já é tarde demais. Ele a derruba do cavalo e ela ainda tem tempo para um último desafio afirmando que ele não conseguiria terminar o trabalho sujo. Até que o príncipe retorna como uma pedra pontiaguda na mão e a cena corta para um homem cortando a cabeça de um peixe.
O contraste já é bastante conhecido no cinema, mas ainda assim foi interessante, pois mostra que para Daemon sua esposa não tinha um significado maior do que um animal que servirá um banquete.
Mais tarde, durante o casamento de Rhaenyra, Daemon é lembrado que o Vale não se esquecerá do crime que todos sabem que ele cometeu.
Dados os acontecimentos do episódio anterior, podemos vislumbrar qual é o real objetivo de Daemon: unir-se com Rhaenyra.
- Leia também: Quando a Casa Targaryen foi para Westeros?
Uma verdade dura, mas relevante
Alicent vai de encontro a seu pai no momento em que ele está deixando a corte e informa-o de que não gostaria que ele partisse.
Otto deixa uma mensagem vital para Alicent, que é simplesmente para seu próprio bem e bem de sua família. Ele declara que Viserys não viverá até a velhice e o reino não aceitará Rhaenyra como rainha (sim, nós vimos comprovações dessa percepção no episódio anterior, quando Rhaenyra vê a encenação de uma peça nas ruas de Porto Real).
Para fortalecer sua reivindicação, a princesa terá que aniquilar seus rivais, ou seja, assassinar seus irmãos homens, filhos de Viserys e Alicent.
Os conflitos de Alicent em relação aos seus deveres mostram que ela não é uma mãe muito amorosa, mas muito ligada ao que deve ser feito e ao que ela acredita ser o certo. Então, a semente da discórdia está plantada.
O casamento de Rhaenyra Targaryen e Laenor Velaryon
Durante os quatro primeiros episódios de A Casa do Dragão, Daemon foi a maior ameaça à estabilidade do reinado de Viserys. Entretanto, novos elementos vêm sendo adicionados.
Um deles é a saúde debilitada de Viserys. Por mais compreensível que o enjoo durante o caminho até Derivamarca pelo mar possa ser, não é digno de um rei descer de seu navio tão acabado. Além disso, há também sua mão mutilada.
Diz uma lenda de Westeros que o Trono de Ferro fere os monarcas que considera indignos: O Rei Louco era constantemente cortado pelas espadas, Maegor, o Cruel, foi encontrado morto, ensanguentado e em pedaços no trono.
Se a fraqueza de Viserys é responsável pela sua ruína, isso pode explicar seu desejo em garantir uma nova era de dragões.
Apesar de todas as suas dificuldades de saúde, o Rei se arrasta até Derivamarca para sugerir o noivado entre Laenor e Rhaenyra.
A recepção dos Velaryon é outro golpe. Eles ainda estão ofendidos com a recusa de Viserys de se casar com a filha deles. Porém, a negociação é tranquila e eles encerram a proposta com um orgulhoso “vamos pensar no assunto”.
É claro que eles vão aceitar a proposta, não são bobos, mesmo que as condições para o casamento pareçam ser insultantes – Corlys pede que todas as crianças que nascerão da união tenham o nome da família Velaryon -, Viserys encontra um meio termo, dizendo que os filhos da união podem usar o nome dos Velaryon até o momento da coroação do sucessor de Rhaenyra.
Parece pequeno, mas é potencialmente uma grande vitória para Corlys. Se o filho (hipotético) de Laenor e Rhaenyra atingir a maioridade como Velaryon, pode ser difícil para o público esquecer seu nome de nascimento e passar a tratá-lo como Targaryen. Talvez Corlys (ao contrário de quase todos na corte) esteja de olho no jogo à longo prazo.
Laenor e Rhaenyra firmam seu próprio compromisso depois de um começo “não tenho nada contra você”. A princesa sugere a Laenor que eles cumpram o dever perante os pais e o Reino e, quando isso for concluído, “cada um jantará o que lhe aprouver”.
Tudo de forma madura, como se os dois pudessem propor um novo sistema de governo.
Quando Leanor conta para seu amante, Joffrey Lonmouth, o novo arranjo proposto pela herdeira ao trono, resta a ele apenas indagar sobre quem seria o amante da própria princesa.
É então que chegamos no navio de volta a Porto Real, onde Sor Criston Cole, ingenuamente, apresenta uma proposta de fuga para Rhaenyra, ao passo que ela responde “eu sou a Coroa, Sir Criston (…) mas você achou que eu escolheria a infâmia por um cesto de laranjas ou um navio para Ashai?”. A princesa conta ao cavaleiro sobre seu acordo com o Laenor e garante que seu casamento não será o fim.
O que ela, também ingenuamente, não prevê é o orgulho de um homem ferido. Sir Criston lembra a princesa que ele manchou seu manto branco e seu nome é a única coisa que ele possui. E termina “achei que se nos casássemos eu poderia recuperá-lo”.
Ou seja, Sir Criston está preocupado em restabelecer sua honra e sua reputação.
Importante dizer que A Casa do Dragão ainda parece estar aprendendo seu ritmo ideal. Até aqui vimos os acontecimentos de forma episódica com grandes saltos temporais, mas essa escolha acaba prejudicando um pouco a própria empatia dos espectadores com a história.
Durante a cena da proposta de Sir Cole a Rhaenyra precisamos nos esforçar para compreender a intimidade entre eles, uma vez que ela não se traduz totalmente já que nós mal o vimos juntos.
No período de um episódio, Rhaenyra e Laenor estão noivos, tentam elaborar novos arranjos de coito com seus outros parceiros e começam sua festa de casamento. A progressão de conversas provisórias nas praias de Driftmark para dança formal no Salão Principal é tão rápida que parte do peso das ações ali desencadeadas cai.
Se a produção tivesse optado por desenvolver um pouco mais a tensão entre o fim do relacionamento de Rhaenyra e Criston e, depois, entre o namorado de Laenor, a carnificina apresentada no final do episódio teria um impacto diferente na audiência.
A festa de casamento
A festa de abertura das festividades do casamento de Laenor e Rhaenyra trás uma série de possíveis problemas que se tornam tensões e, que por hora, se dissipam: Daemon é abordado por Gerold Royce, tio de Rhea, que lhe garante que eles não esqueceram do assassinato da sobrinha; Alicent surge com um vestido em verde esmeralda a cor de sua casa para chamar os vassalos para a guerra.
É interessante notar que neste quinto episódio Alicent completa sua transição de posição. No início, ela encontra Otto vestida de vermelho e preto, as cores da casa Targaryen. Enquanto observava Viserys tropeçar para fora da carruagem de volta da sua viagem à Derivamarca, ela vestia azul. Mas, depois de saber, através de Larys Strong, que Rhaenyra tomou o chá da lua, normalmente utilizado para prevenir gravidez indesejada, ao entrar na festa de casamento, tarde o suficiente para garantir que todos os olhares presentes se voltem para ela, é a cor de batalha de sua casa que ela exibe.
Por fim, um combate irrompe e há dificuldade, tanto dos convidados como dos espectadores, em entender o que está acontecendo.
A princípio, parece que Daemon, enquanto atrai Rhaenyra da sala e seu próximo casamento, incorreu na ira de Cristan. Então os cachos loiros sujos parecem vir de Jason Lannister. Ironicamente, não é até Cristan virar o corpo, que as feições de Joffrey são claras. Poças de sangue ao redor dele inundam o chão de pedra.
Qualquer pessoa razoável deduziria que o casamento pode ser adiado após esta cerimônia sangrenta.
Mas horas depois, o casamento é realizado. Rhaenyra e Laenor estão em estado de choque e a cerimônia foi arruinada.
Quebrar seus votos é demais para Criston. Enquanto sua amada Rhaenyra se casa, ele se retira para o represeiro, com a adaga na mão, pronto para dar fim à sua própria vida. Mas Alicent aparece.
Rhaenyra tem um novo aliado nos Velaryons, mas a traição pode ligar Alicent e Criston de maneiras que ninguém pode prever.