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Pânico 6 consegue fazer uso de uma fórmula já estabelecida e criar algo interessante, atualizado e divertido acima de tudo.
Confesso que ainda não tinha assistido a nenhum dos filmes da franquia Pânico e foi uma surpresa muito boa.
Desde o telefone que toca como prenúncio de morte, os personagens que caminham diretamente para o perigo e tomam decisões duvidosas, as reviravoltas e, sobretudo, a autorreferência… Todos esses elementos constroem uma sequência coesa que mostra como ainda há fôlego na franquia e que as atualizações ao longo dos anos são essenciais e muito bem-vindas.
Fui obrigada (no bom sentido) a retornar aos filmes anteriores da ‘série’ para compreender melhor o que estava sendo colocado em tela e, mais uma vez, a surpresa foi positiva (com exceção de alguns: 2, 3 e 4 mais especificamente não me agradaram).
Contudo, Pânico 5 já trouxe parte das atualizações necessárias, utilizando de elementos que já conhecemos e construindo uma nova base consolidada para uma história que poderia continuar sem sua protagonista principal.
Pânico 6, dirigido por Matt Bettinelli-Olpin, é construído a partir das bases do anterior, lançado no ano passado (2022), com o retorno de alguns dos personagens favoritos do público, Gale Weathers (Courteney Cox) e Kirby Reed (Hayden Panettiere) para relembrar o legado, mas fornecendo espaço para o novo elenco dominar a tela e expandir a narrativa.
Sidney, interpretada por Neve Campbell, não retorna em Pânico 6
A ausência de Sidney, interpretada por Neve Campbell, não passou despercebida.
Em entrevista à People, a atriz revelou que a decisão de não retornar a franquia se deu única e exclusivamente por conta da proposta salarial que estava muito distante do satisfatório e criticou o sexismo estrutural de Hollywood.
“Eu honestamente não acredito que se fosse um homem que tivesse protagonizado cinco filmes de uma franquia tão grande por mais de 25 anos receberia o valor que me foi oferecido. [Eu sabia que] Na minha alma, eu não poderia aceitar. Eu não poderia entrar num set com este sentimento: menosprezada e injustiçada”.
contou Campbell
Dentro da narrativa de Pânico 6, a ausência de Sidney foi explicada por Gale (Cox). De acordo com a repórter, Sidney escolheu levar sua família para um lugar seguro longe de mais uma encarnação do ghostface. Gale admite que a personagem merece um final feliz depois de passar por isso cinco vezes.
A irreverência da autorreferenciação
Faz parte do modus operandi de Pânico zombar, subverter e reverenciar o tropos do terror. Isso continua em Pânico 6, mas desta vez não se trata de olhar para seu gênero como um todo. O filme traz como alvo de chacota sua própria fórmula narrativa.
Com toda certeza, você irá identificar diversos elogios aos seus filmes de terror preferidos ao longo desta história, mas a piada fica por conta da autorreferenciação exagerada. Depois de mais de 30 anos no cinema e seis entradas, algumas regras e expectativas se aplicam, mas outras não importam mais. E, aqui, o interessante é descobrir qual regra se encaixa em qual situação.
O quarteto principal sofre mais do que seus anteriores e não é possível saber quem chegará vivo até os créditos finais.
Mindy (Jasmin Savoy Brown) entrega seu agora habitual monólogo sobre como funciona a identificação de um assassino em uma história de mistério e, mesmo conhecendo essas “regras de funcionamento”, ninguém está seguro e os golpes (facadas) aparecem repetidas vezes.
O coração e a alma de Pânico 6 é o já mencionado quarteto principal (composto pelos gêmeos Meeks-Martin e pelas irmãs Carpenter).
Este capítulo abandona intencionalmente o padrão de separar seus protagonistas para que eles se reúnam no final do primeiro ato e, em vez disso, se concentra em uma história que mantém os sobreviventes conectados o tempo todo.
Isso não apenas leva você a se importar mais com os personagens principais, mas também com as pessoas que eles amam.
Mindy conhece sua namorada Anika (Devyn Nekoda) há apenas seis meses, mas você está preocupado com a segurança dela porque está preocupado com o bem-estar de um membro do quarteto principal. O mesmo pode ser dito de Danny (Josh Segarra), Quinn (Liana Liberto) e Ethan (Jack Champion), mas você terá que assistir o filme para saber mais sobre suas conexões!
Veredito
Sim, vale muito a pena assistir Pânico 6. A reinserção e aprofundamento dos novos personagens dá outros caminhos para a franquia e torna a narrativa extremamente intrigante.
Em diversos momentos, me peguei intrigada a respeito de quem seria o novo ghostface e, conhecendo o padrão de que é sempre alguém muito próximo, todos os personagens em tela se tornaram suspeitos. Contudo, não era nada do que eu esperava.
A referência da cena inicial a Casamento Sangrento também foi ótima!